Confesso a vocês que estive bem apreensiva nos últimos dias.
Demorei uns 10 minutos, depois da angustiante apuração, para “realizar” que Lula tinha sido eleito.
Precisei ir para a rua, encontrar com amigos e militantes, dançar e cantar para me permitir dissipar o receio e a angústia.
E foi lindo, energizante, catártico.
Comemoramos e purgamos a dor de seis anos de injustiça, de iniquidade e perversidade – e o fizemos de forma mais dramática e pungente aqui, na “Republica de Curitiba” e também, e especialmente, na sede da Vigília Lula Livre.
Mas, ainda assim, eu temia pela reação da nau dos desesperados.
Temia por um caos, uma convulsão social, antecipava focos de insubordinação militar e claro… os locautes dos caminhoneiros – sempre eles, desde os anos 60 e 70, no Brasil e em toda a América Latina. (Porque a turma nem é criativa no roteiro).
Bem, eles vieram e ainda virão. Esta gente não está acostumada a ser derrotada e nem a seguir as regras e normas coletivas.
Mas, vieram muito mais fracos do que podíamos esperar.
Vieram em meio ao silêncio birrento do mito que se escondeu debaixo da cama, vieram em meio à galhofa nas redes sobre o “unfollow” da Micheque na conta de Bolsonaro e do Carluxo na conta da Micheque, vieram em meio à declaração absoluta da comunidade internacional em apoio à eleição de Lula, vieram com o reconhecimento do Congresso, TSE e STF sobre o resultado das eleições e especialmente, vieram na contramão da reação do “Mercado”: Bolsa subiu e dólar caiu.
Tudo isto fez com que até as forças golpistas militares e paramilitares recuassem.
Os bloqueadores de estrada, defenestrados com jatos de água e spray de pimenta, comumente usados contra os movimentos sociais, se ajoelharam, rogaram pelo mito e hoje, fazem vigília na frente dos quartéis e ao que tudo parece, sem apoio dos batalhões.
Podemos baixar a guarda?
Claro que não. Especialmente, porque o nosso governo ainda não começou.
Mas, é necessário identificar que a primeira tentativa de Golpe fracassou.
Nem desconsiderar o inimigo, nem dar mais força do que ele realmente tem.
Nos manteremos vigilantes e ativos/as, como sempre fizemos.
Mas, por hora, dá para comemorar uma segunda vitória, nesta longa batalha.
E precisamos comemorar cada pequena vitória para nos abastecer da força e da garra necessária para enfrentar o duro trabalho de reconstrução de um país, nos próximos anos.
Seguiremos!
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Professora da UFPR. Pesquisadora de Políticas Educacionais. Foi diretora do Setor de Educação da UFPR e coordenadora do Fórum Estadual de Educação.
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