A água levou vidas humanas e não humanas, casas, pontes, estradas morro abaixo. Aqueles lugares conhecidos, familiares, vistos, ouvidos, falados e cantados não existem mais. O velho pé de camélia se foi e, com ele, a hortênsia azul do jardim. Mais de um milhão de pessoas, açoitadas pelas tempestades, pensam no lugar que não existe mais. Construir um novo lugar, com ideias e comportamentos antigos e equivocados?
Não se sabe o que trazem na cabeça – ministros, presidente e governador – a mais de um ou vários bilhões de reais para reconstruir o Estado do Rio Grande do Sul. Reconstruir é preciso! Prédios, casas, estradas, pontes, barragens, lavouras. Reconstruir, consertar, repor sobre um solo cansado? Se reconstruir é montar o novo sobre a base frágil que os trilhões de litros enfurecidos de água varreram, dando a isso o nome de recuperação econômica do Estado, nada mais é do que preparar o cenário propício para a próxima resposta da natureza.
Todas as evidências, ao longo de alguns séculos, mostram que os fenômenos físicos e a constituição da natureza têm leis pétreas. Funcionam sem possibilidade de emendas. Em 1973, na Conferência de Estocolmo, antecipando-se aos gritos da natureza, os cientistas do clima, aprovaram o Princípio da Precaução, a ser observado por chefes de nações e empresas econômicas, como base da atividade humana inteligente no caminho da sobrevivência. Precaução quer dizer: se houver dúvida científica de que a intervenção humana no funcionamento da natureza possa dar certo, melhor não fazer ou adiar. A natureza cobrará pelos erros.
Reconstruir é preciso! Reconstruir nossa maneira de pensar o significado da vida, a maior riqueza do planeta. A prática ecológica da sábia ação humana, associada aos seres vivos não humanos, integrada à natureza, obedece criteriosamente a um sistema de relações sociais que engloba uso da água, do solo, do ar, da luz e calor. A proteção permanente do adequado funcionamento integrado desses quatro elementos é fundamental para uma ecopolítica geradora de vida. Há que investir, sabiamente, um bilhão de minutos para construir um novo olhar sobre a natureza. Um novo olhar sobre a vida.
Reconstruir é preciso! Viver!
*Eugenio Giovenardi: filósofo, ecossociólogo, escritor. Dedica-se a favorecer a regeneração de 70 ha de Cerrado protegendo as árvores para garantir as águas.
Crédito das imagens:
Correio Brasiliense e Jornal Opção.
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