Nas abordagens anteriores a primeira guerra mundial, a revolução russa e o declínio do liberalismo econômico marcaram as primeiras três décadas do século XX e do próprio capitalismo contemporâneo de base imperialista tendo os EUA como o pilar desse novo modelo que ainda ratificaria a sua incontestável hegemonia com o final da segunda guerra mundial.
Com a depressão econômica do início dos anos 1930 ideias liberais foram sendo substituídas na prática por políticas de investimento em infraestrutura tendo o Estado como o grande agente indutor e interventor dirigista nessas práticas conhecidas como políticas keynesiana expansionista.
O economista britânico John Maynard Keynes passa a ser o mentor intelectual dessas ideias econômicas a partir de artigos e livros publicados antes mesmo da crise de 1929, apesar da sua grande obra “A Teoria do Juro, emprego e moeda” ter sido escrita em 1936. De qualquer modo, o embrião das suas ideias já estava posto e mais tarde utilizado pelo então presidente democrata Franklin Delano Roosevelt que assume a presidência dos EUA pela primeira vez em 1933 e que a partir disso implementaria um imenso e intenso plano de obras publicas pelo país afim de gerar emprego e renda como motor indutor da economia.
Com a chegada da segunda guerra mundial e a entrada dos EUA no conflito bélico em 1943 os investimentos em infraestrutura também foram canalizados para a indústria bélica e áreas diversas de pesquisa em tecnologia espacial e demais áreas estratégicas.
Com o final da segunda grande guerra os EUA se consagraria como o país mais rico do mundo e também aquele detentor de poder hegemônico incontestável pelo seu poderio bélico com armas nucleares.
O capitalismo de matriz keynesiana ainda se afirmaria nos anos seguintes com a reconstrução da Europa arrasada pela segunda guerra e pela corrida aeroespacial com o seu então rival a União Soviética. Os anos 1950 e 1960 seguiram com a estratégia keynesiana de acumulação e reprodução capitalista impulsionada principalmente pelos EUA por intermédio do acordo de Bretton Woods do padrão ouro dólar e das instituições multilaterais como o FMI, BID, BIRD e demais bancos de fomento e desenvolvimento econômico sempre sob a tutela dos países imperialistas e contra o então inimigo comum a União Soviética e seu modelo econômico planificado.
Esse período sob domínio incontestável dos EUA mesmo com o rival importante como a União Soviética foi marcado pelo momento que o capitalismo mais cresceu e se desenvolveu ao longo da sua história, a ponto do historiador egípcio britânico Eric Hobsbawn escrever no seu clássico ” A Era dos Extremos” como a grandiosa “Era de Ouro do Capitalismo”. Como esse ciclo chegou ao seu final será descrito na oitava parte da nossa coletania de artigos sobre a Economia Política da Crise.
*Marcelo Marcelino, direto de Curitiba. Ele é cientista político, sociólogo, economista, pesquisador e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR). É também, escritor e consultor acadêmico.
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