Traíras e bagres grandes eram muito frequentados nos nossos espinhéis. Mas, as traíras, especialmente, eram vorazes e qualquer isca de animal, carne de ovelha ou gado, ou aves, pombas, perdizes, etc. eram eficazes para a sua captura, especialmente iscas com sangue quente faziam a festa daqueles peixes e da turma de rapazes pescadores. Mas tínhamos que cuidar muito os nossos dedos para retirar os anzóis da boca da traíra, pois é um animal de dentes afiadíssimos e que, qualquer descuido com esse bicho que se faz de morto, em uma mordida, pode acabar com a festa decapitando a esperança de permanecer nela.
Não sei por que, lendo hoje o Correio Braziliense, na coluna de Vicente Nunes, “BB e Caixa na mira de Temer”, me lembrei daquelas andanças e dos dentes da traíra.
O artigo é de viés econômico, sobre a baixa dos juros pelos bancos oficiais, mas com uma clara intenção de mirar a eleição de 2018, ou seja, a reeleição de Temer, sobre a qual não esconde sua empolgação, mostrando os dentes de sua infinita pretensão.
Diz o artigo que: “A vontade de pavimentar a candidatura em 2018 é tamanha que Temer já pediu aos presidentes de bancos públicos, mais precisamente aos comandantes do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, que apresentem estudos para um possível movimento de baixa das taxas de juros cobradas nas operações de crédito. A ordem é agradar o grande público…”
O bicho realmente se faz de morto mas tem um apetite voraz.
No artigo, que mostra pela primeira vez a intenção de Temer, nada fala sobre a opinião dos “aliados”, principalmente do PSDB que navega nesse barco.
Como os tucanos tem um bico longo e geralmente são meio desequilibrados para tomar agua na beira dos rios, não sei por que, mas veio-me à mente a imagem desses pássaros tomando agua em um remanso, onde as traíras costumam desovar seus ovos e, famintas, não costumam perder a oportunidade dessas iguarias.
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