Como vimos anteriormente o avanço do capitalismo moderno do final do século XIX para o início do XX envolveu países europeus em disputa pela hegemonia no capitalismo. De um lado a Alemanha um país unificado recentemente e de outro o consorcio imperialistas franco anglo-saxão. Nessa disputa a Rússia se destaca porque além de participar do conflito de 1914-18 contra as forças alemãs e austro-húngaras foi protagonista no levante que impulsionou a revolução socialista de outubro de 1917 e que iria terminar somente em 1922 numa intensa guerra civil também com a participação de um conluio de forças transnacional a fim de impedir que os bolcheviques vencessem e instalassem de vez uma república socialista de relevante peso mundial.
Todas essas disputas ocorreram devido as disputas e contradições que envolvem a economia política como sistema de imposições de mercado e comércio, definição de rotas de passagem onde as disputas geopolíticas estão envolvidas e a partilha das colônias na África e Ásia.
Mas o que saltou aos olhos nesse período já no último ano do conflito armado entre as potências foi o surgimento de uma gripe violenta que se manifestou nas trincheiras dos soldados no campo de batalha. A famosa gripe espanhola, que de espanhola somente derivou seu nome já que a gripe foi divulgada por jornais espanhóis e não disseminada pelos espanhóis
Na verdade, a gênese do foco de uma variante violenta do H1N1 partiu de um forte militar na região do Kansas nos EUA e chegou a Europa pelos navios que desembarcaram milhares de soldados estadunidenses para os campos de batalha
Essa gripe encontrou o ambiente propicio para se proliferar junto a cadáveres deixados apodrecer nas trincheiras junto com grupos de centenas de soldados espremidos em espaços diminutos
A partir de então, além da propagação a gripe se tornou mais violenta em contato com os campos de batalha disseminando um vírus letal e de rápida propagação para além da guerra e dos oceanos matando mais de 50 milhões de pessoas, valor esse muito próximo das mortes ocorridas na segunda guerra mundial.
A partir disso cabe a reflexão: o fator guerra disseminou o contágio pelo mundo e a guerra ocorreu por intermédio das disputas imperialistas devido ao avanço do capitalismo tendo o Estado como alicerce. Sendo assim, a economia política da crise e válida para explicar a raiz dos problemas sócio-políticos no interior dos países como o caso da Covid 19 desnudando a falência do Estado para os mais pobres principalmente e fora das fronteiras nacionais com as guerras comerciais, financeiras, militares e agora híbridas no contexto da disputa do poder pelos grandes capitalistas e suas elites políticas dirigentes.
*Marcelo Marcelino, cientista político, sociólogo, economista, pesquisador e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR). É também, escritor e consultor acadêmico.
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