Falar em pedágio hoje, não importa o modelo, é jogar no bolso dos viajantes rodoviários a responsabilidade que é (ou deveria ser) do governo.
Éramos referência no mundo em termos de indústria pesada. A Odebrecht, a Camargo Correia e a OAS formavam verdadeiras multinacionais, com obras em vários países, incluindo os Estados Unidos.
A paranaense J. Malucelli tinha know-how para atuar desde a construção de estradas e grandes pontes, até hidroelétricas.
Mas tudo isso foi assassinado pela lava-jato.
As construtoras, uma a uma, foram sendo desmontadas. O prejuízo para o Brasil é de bilhões de dólares.
Ter uma estrutura de megaconstrutora exige Investimentos altíssimos em maquinário, em pessoal, em engenheiros e uma experiência de anos no mercado.
Mesmo sem pedágio, se tivéssemos uma J. Malucelli inteira, como era antes da lava-jato, mediante um contrato emergencial, em 15 dias o problema da BR 277 estaria resolvido. Agora, já se passaram seis meses do primeiro desmoronamento que fechou a rodovia. E a situação não se resolve. A interdição da estrada, hora é total, hora é parcial.
Só essa BR já causou um prejuízo milionário ao agronegócio, às transportadoras e à indústria do turismo no Litoral do Paraná.
E agora? Vai se entregar, mediante concessão de pedágio, as rodovias para quem? Aos inexperientes e incompetentes, como aqueles dos ferryboats de Guaratuba? Será que dará certo?
PS: Veículos de mídia que defendem que o pedágio é a solução para todos os males, dos desmoronamentos à incompetência governamental, é conivente com o descaso, com os desmanchandos da lava-jato e contra a nossa engenharia de infraestrutura.
PS 2: Há mais de um século, o governo queria queria um ferrovia ligando Curitiba a Paranaguá. Chamaram uma companhia inglesa. Seus engenheiros vieram, viram e disseram que a obra era impossível. Então, André e Antônio Rebouças, negros, irmãos, os engenheiros Rebouças, foram lá projetaram e fizeram a obra que está em funcionamento até hoje.
Por Valdir José Cruz*: Professor Universitário e Jornalista
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