O MERCOSUL
Rafael Pons Reis
Entrevista com Rafael Pons Reis, Doutorando em Sociologia Política pela UFSC, Mestre em Relações Internacionais pela UFRGS, e professor do Curso de Relações Internacionais do Centro Universitário Internacional Uninter.
1 – Como o Brasil é visto pelos países membros do Mercosul, como um país que defende seus interesses de forma pragmática ou como um importante mediador das relações comerciais dos países do bloco com outros países? 
R.: Desde o início do Mercosul, em 1991, quando da assinatura do Tratado de Assunção, o Brasil vem contribuindo com esforços no sentido de aprofundar as experiências de integração regional do bloco, bem como na consolidação de outras iniciativas como a defesa da Cláusula Democrática e criação do Parlasur. Devido seu peso econômico e político na região, em algumas ocasiões o Brasil soube mediar situações delicadas, por exemplo, como aquela em 2008, em que a Colômbia bombardeou um acampamento das FARC em território equatoriano. Apesar da importância do Brasil na América do Sul, alguns analistas criticam as ações do país e o consideram como um líder regional com aspirações sub-imperialistas.  
2 – É possível apontar a influencia política do Brasil no contexto do Mercosul?
R: É muito grande a influência política do Brasil não só no Mercosul, mas também na União das Nações Sul-Americanas (UNASUL). Mas é importante ressaltar que a construção do espaço de liderança do país na região necessita do Brasil elaborar uma agenda de negociação com todos os países do bloco, de forma a levar em conta os diferentes posicionamentos e interesses dos mesmos. 
3 – No campo Social, o que o Mercosul oferece ou tem a oferecer aos povos dos países membros?
R: No campo social o Mercosul ainda tem muito por avançar. Muitas discussões e projetos ainda estão em fase de desenvolvimento, por exemplo, na construção de uma política comum de imigração, saúde e de livre mobilidade de trabalhadores do Mercosul. São passos importantes a serem dados para uma maior integração entre as economias mercosulinas.   
4 – A criação de Moeda única para o Mercosul, até que ponto seria viável no âmbito interno?
R.: Creio que a maior dificuldade entre os países do bloco é fazer funcionar a Tarifa Externa Comum (TEC). Somente após um maior entendimento entre os países na zona do Mercado Comum é que seria possível pensarmos na criação de uma unificação econômica e monetária.
5 – Os países componentes dos blocos Nafta e UE como se posicionam em relação ao Mercosul, globalmente falando?
R.: Na década de 1990, o Mercosul procurou construir alianças com os países da UE e com os EUA, no formato de building blocks. O Brasil tentou fazer um acordo com os EUA, chamado de “4+1” na tentativa de fortalecer a posição do Mercosul diante da possibilidade da ALCA. Na mesma década o Mercosul também procurou se aproximar com os países da UE, mas os resultados não foram exitosos, em grande parte devido à baixa complementaridade das economias entre os países. De lá para cá o Mercosul procurou fortalecer sua posição negociadora diante das grandes potências e de outros blocos de modo a diminuir sua vulnerabilidade diante da crise de 2008 deflagrada pelos EUA.

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