A delação premiada do empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC, nas investigações da operação Lava-Jato, detalhou como o ex-senador Gim Argello (PTB-DF) teria se envolvido no esquema de corrupção. Parte do dinheiro destinado à propina por proteção na CPI da Petrobras teria sido paga ao político. Gim, por sua vez, teria distribuído a verba a, ao menos, seis campanhas no DF, de acordo com o depoimento de Pessoa. Segundo informações da Folha de São Paulo, R$ 3,5 milhões foram usados por Gim para apoiar seis candidatos no DF, três deles eleitos: um deputado federal e dois distritais.
O ex-governador José Roberto Arruda (PR, ex-DEM), o ex-senador Luiz Estevão (PRTB), o deputado Alberto Fraga (DEM) e a assessoria de um parlamentar, esta sob condição de anonimato, disseram à Folha que Gim viabilizou e repassou dinheiro da UTC às campanhas. As doações foram declaradas à Justiça Eleitoral.
Arruda afirmou não saber por que Gim arrumou o dinheiro [embora não execute obras no DF, a UTC doou R$ 3,5 milhões a campanhas da coligação encabeçada por Arruda (PTB/PR/DEM/PRTB/PMN) em 2014]. “Ele [Gim] buscou ajudar as campanhas, sim”, confirmou Arruda, cuja campanha a governador, depois barrada pela Justiça Eleitoral, recebeu R$ 1 milhão da UTC.
Segundo o deputado Alberto Fraga, o dinheiro foi prometido por Gim em uma reunião da coligação, com o objetivo de buscar apoio à sua reeleição ao Senado. “Ele me disse: ‘Fraga, eu preciso de sua ajuda, politicamente, e vou lhe ajudar, viabilizar recursos para sua campanha’”, afirmou. A doação, de R$ 1 milhão, representou 72% do total arrecadado.
A deputada distrital Liliane Roriz, que teve 99% da campanha bancada pela UTC, com doação de R$ 1 milhão, alegou em nota à Folha que o valor chegou “via PRTB” e que “a negociação foi feita pelo presidente de honra do PRTB, senador Luiz Estevão”.
Estevão conta outra versão. Ele diz que houve um acerto entre Gim e a família Roriz: “A deputada Liliane me procurou informando que receberia uma doação de R$ 1,2 milhão, que teria sido articulada pelo senador Gim Argello, e me perguntou se essa doação poderia ser feita na conta do partido, e então repassada a ela”.
Gim Argello afirmou que só falará sobre as doações depois que tiver acesso à delação do empreiteiro Ricardo Pessoa. Arruda, Estevão, Fraga e Liliane Roriz sustentam que não tiveram qualquer envolvimento irregular com a empreiteira.
Fonte: Instituto João Goulart (íntegra)
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