No capitalismo ultraliberal onde o Estado está capturado pela classe dominante e em consonância com as corporações transnacionais totalitárias a imposição de doutrinas e estratégias de ações de ampla reprodução do capital a vida dos cidadãos está permanentemente ameaçada. A frase que remete uma reflexão me parece adequada na atual conjuntura: “O Covid 19 não escolhe classes sociais”.
Nesse momento os mais ameaçados são o grande número de desvalidos, trabalhadores precarizados e todos aqueles não citados que por alguma razão estão excluídos de mínimos sistemas de proteção sociais. Mais de um século depois estamos de joelhos enfrentando problemas de pandemia que perpassam as condições de saúde e que batem novamente na porta da desigualdade econômica e social produzida e exacerbada pelo capitalismo neoliberal em 2020.
A pandemia universal do Covid – 19 impulsionou o debate secular acerca das ideias econômicas e evidentemente das estratégias de organização do sistema capitalista mundial e do próprio sistema político e social macro estruturante onde o Imperialismo capitaneado pelos EUA tem a sua hegemonia contestada.
O século XX marca a ascensão do capitalismo monopolista de Estado e as disputas pela hegemonia no Imperialismo. A primeira grande guerra, a construção do modelo socialista capitaneado pela então União Soviética e a crise do capitalismo liberal demarcam uma fronteira de espaços complexos de luta e processos imbricados de dominação em uma nova fase geopolítica universal.
A economia política está em disputa no sentido ideológico e concreto onde o liberalismo clássico sofre uma derrota avassaladora, o marxismo inspira modelos rígidos de planificação acelerada e o keynesianismo serve de alicerce intelectual e de modelo de ação estratégica no rearranjo das forças produtivas e no plano político institucional.
Em 2020 três grandes escolas de pensamento na dinâmica da macroestrutura disputam idéias e visões de mundo onde a hegemônica corresponde ao neoliberalismo. A plataforma ideológica de poder no projeto de globalização concentrada nos oligopólios transnacionais com forte penetração da financeirizacao corresponde à versão mais intensa do liberalismo clássico, também denominado neoliberalismo.
Reconfigurado na década de 1970 na esteira da derrocada do esgotamento fordista keynesiano na trava do seu ciclo de avanço reprodutivo o neoliberalismo navegou favoravelmente com o final do padrão ouro de Bretton Woods, com os choques do petróleo de 1973 e 79, mas também com os avanços das tecnologias nas áreas da informatização e das telecomunicações.
O rearranjo não apenas do avanço das tecnologias e do progresso técnico, mas das políticas de liberalização e desregulamentação dos mercados, em particular do mercado financeiro permitiram que os ganhos de acumulação se deslocassem para outros segmentos da economia e fragilizassem ainda mais as organizações laborais.
Da década de 1980 em diante o neoliberalismo se tornou o maior vírus que enfrentamos no sentido do avanço da macroestrutura da exploração capitalista na forma de tecnologias avançadas, Estado mínimo a serviço da dominação imperialista do “Consenso de Washington” e financeirizacao global atingem um contingente colossal da população universal de forma predatória.
*Marcelo Marcelino é cientista político, sociólogo, economista, pesquisador e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR). É também, escritor e consultor acadêmico.
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