Uma reflexão sobre o dia da Consciência Negra. Por Elisiane Andrade*

Imagine você sendo arrancado da sua casa, da sua terra, do seu lugar, separado de sua família, jogado em um porão de navio, um ambiente insalubre, propício à proliferação de doenças, passando dias viajando amontoado, com pouca alimentação, sendo castigado constantemente. Ao aportar em lugar totalmente desconhecido é levado para um mercado acorrentado, sem roupas, pra ser vendido como mercadoria. Cruel destino né?

A partir de então, deixa de existir como ser humano e passa ser um animal qualquer, usado para o trabalho forçado por toda a vida. Seus sonhos, sua vida, sua liberdade, sua família não te pertence mais. Agora é servir o dono, senhor, severo e cruel. O dono da sua vida.

Este foi o destino de milhares de negros e negras por séculos, vítimas da ganância sem limites, extremado a tal ponto, de medir a “superioridade” pela cor, cultura… Este grande desastre da humanidade que se arrastou por séculos deixou marcas que se arrastam até hoje. As proporções dessa maldade podemos enxergar no preconceito, na falta de moradia digna, na formação acadêmica, nos baixos salários, nos assassinatos, no retrato vivo das empregadas domésticas… Marcas sofridas pela população negra até os dias atuais.

O dia 20 de novembro não é um mero dia de festa, a escravidão não é um mito, foi uma realidade, que podemos lembrar principalmente na resistência daqueles que jamais aceitaram a condição de escravo.  A história está recheada de resistência que o diga aqueles que lutaram na Revolta do Malês, na Conjuração Baiana e nossos heróis e heroínas: Zumbi, João de Deus, Dandara, Tereza de Benguela, Luisa Mahim e tantxs outrxs que nos motivam a lutar e resistir a todo tipo de violência, preconceito, racismo, homofobia, etnocentrismo…

Que este seja mais um dia de reflexão, sobre tudo que precisamos para construir um mundo digno, fraterno e justo. Acredito que isso é possível quando homens e mulheres chegarem ao ápice da consciência humana. Continuemos firmes na resistência e na luta valorosa das Nonatas, das Frances, dos Glaucios e das Deusas da vida.

*Elisiane de Andrade:
Professora na rede municipal de Manaus (AM). Graduada em Pedagogia. MBA em Comunicação Eleitoral e Marketing Político, pós-graduada em Gestão Pública. Consultora Política.

Deixo aqui meus cumprimentos à profissional e amiga amazonense.

 

Sobre Francisco Carlos Somavilla 1551 Artigos
Bacharel em Ciência Politica. MBA em Comunicação Eleitoral e Marketing Político. Especialização em Educação Ambiental e Desenvolvimento Sustentável.

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